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Dor Abdominal: quando devo me preocupar?

  • Foto do escritor: Dr. Dirceu Valentini
    Dr. Dirceu Valentini
  • 7 de mar.
  • 7 min de leitura

Atualizado: 3 de abr.

A dor abdominal, ou dor de barriga, é um sintoma comum que pode ocorrer por diversos motivos, desde problemas digestivos simples até condições mais graves. Entender as possíveis causas e saber quais são os sinais de alarme é fundamental para diferenciar entre aquelas condições leves e passageiras das situações graves que demandam avaliação médica imediata.


Neste artigo iremos falar sobre as principais causas de dor abdominal, os sinais de alerta, e o tratamento de algumas das doenças que provocam dor abdominal.



Principais causas de dor abdominal:


  • Problemas gastrointestinais funcionais: má-digestão, constipação, excesso de gases (flatulência), intolerância alimentar, Síndrome do Intestino Irritável, Dispepsia funcional.

  • Infecções gastrointestinais: Gastroenterites, Intoxicação alimentar, Colite infecciosa;

  • Doenças do estômago e esôfago: Gastrites, Úlceras pépticas, Doença do Refluxo Gastroesofágico;

  • Doenças do pâncreas, fígado e vias biliares: Colelitíase (pedra na vesícula), pancreatite, hepatites;

  • Doenças com origem no intestino: Apêndicite aguda, Diverticulite Aguda, Obstrução intestinal, Doença de Crohn, Retocolite Ulcerativa;

  • Hérnias de parede abdominal

  • Alterações ginecológicas: Cólicas menstruais, endometriose, gravidez ectópica, torção de ovário;

  • Doenças do trato urinário: Infecções urinárias, cálculos renais

  • Neoplasias (câncer) acomentendo órgãos intra-abdominais.


O que fazer para tratar a dor abdominal?


O diagnóstico da causa da dor abdominal é fundamental para definir o melhor tratamento.


Nas situações em que a dor é leve e não existem sinais de alarme, algumas medidas podem ajudar a aliviar os sintomas:


  • Hidratação Adequada;

  • Repouso;

  • Consumo de alimentos mais leves;

  • Uso de medicamentos analgésicos, antiácidos e antiespasmódicos;


IMPORTANTE: Evite a automedicação excessiva. O uso indiscriminado de medicamentos anti-inflamatórios pode inclusive agravar o quadro subjacente.


Quando devo me preocupar?


A dor abdominal é um dos principais motivos que levam os pacientes a procurar atendimento médico em emergências e no consultório. É importante esclarecer que na maior parte das vezes, a dor abdominal tem origem em problemas simples e passageiros, como alterações funcionais e infecciosas.


Conheça alguns sinais e sintomas que demandam maior atenção e podem indicar a necessidade de uma avaliação médica:

  • Dor intensa e súbita;

  • Dor persistente, que não melhora ou que piora progressivamente;

  • Febre associada;

  • Vômitos recorrentes ou com sangue;

  • Presença de sangue nas fezes ou fezes escurecidas (melena);

  • Diarreia persistente;

  • Distensão (inchaço) do abdômen e parada das evacuações;

  • Dor acompanhada de tontura, suor excessivo, mal-estar, desmaio;

  • Perda de peso inexplicável.


A importância da avaliação médica especializada


Nos casos em que a dor abdominal é acompanhada de sinais de alarme, o paciente deverá procurar atendimento médico com brevidade. A avaliação especializada é fundamental para o adequado diagnóstico e tratamento.


Algumas das doenças que cursam com dor abdominal podem precisar de cirurgia, algumas vezes de urgência. Nestes casos, o Cirurgião Geral e do Aparelho Digestivo é o médico mais habilitado para realizar o tratamento cirúrgico.



O Dr. Dirceu Valentini Jr. é médico Cirurgião Geral e do Aparelho Digestivo, tendo realizado especialização (residência médica) no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Possui vasta experiência na área.

Realiza atendimentos ambulatoriais (consultório) e de emergência na cidade de Chapecó-SC.



Saiba mais sobre algumas doenças que podem precisar de tratamento cirúrgico:


Apendicite Aguda



A apendicite aguda é uma condição bastante frequente, sendo um dos principais motivos para avaliação cirúrgica no ambiente de emergência. A apendicite é uma doença súbita, que pode ocorrer em qualquer idade.


A apendicite é caracterizada pela inflamação do apêndice cecal, um órgão pequeno, de aspecto tubular, que fica localizado à direita do abdômen, na porção inferior.


Os principais sintomas relacionados ao quadro de inflamação são os seguintes:

  • Dor abdominal, inicialmente mal definida, mas que progressivamente vai se localizando na parte inferior direita do abdômen;

  • Perda de apetite;

  • Distensão abdominal;

  • Náuseas e vômitos;

  • Febre


Em caso de suspeita de apendicite, alguns exames complementares são necessários, mas é muito importante que o paciente seja avaliado por um cirurgião.


O diagnóstico e o tratamento precoce evita complicações da apendicite, como, formação de abscessos, perfuração e infecção sistêmica.


O tratamento envolve a realização da apendicectomia, que é a cirurgia de retirada do apêndice. Na maior parte das vezes é possível realizar a cirurgia por videolaparoscopia, que é uma técnica minimamente invasiva. Além da cirurgia, o uso de antibióticos também faz parte do tratamento.



Colelitíase (pedra na vesícula)


A presença de cálculos na vesícula, conhecida como colelitíase, é um problema comum que atinge de 5% a 10% da população.


Os sintomas mais frequentes relacionados a presença a presença de pedras na vesícula são as crises recorrentes de dor no lado superior direito do abdômen, associadas a náuseas e vômitos, que ocorrem principalmente após a alimentação.


Além dos episódios de dor, a presença desses cálculos pode predispor a algumas complicações:


  • Inflamação da vesícula (colecistite aguda): nestas situações a dor localizada no lado direito do abdômen é contínua, não tendo melhora após o uso de medicações. Nestes casos, além do uso de antibióticos, cirurgia de retirada da vesícula precisa ser realizada com brevidade, pelo risco de piora da infecção;


  • Pancreatite aguda (inflamação do pâncreas): a migração dos cálculos pelo canal da bile pode acarretar a inflamação do pâncreas, causando pancreatite aguda. Nestes casos a dor costuma ser ainda mais intensa, contínua, localizada em todo a parte superior do abdômen. As náuseas e vômitos são ainda mais significativas. É preciso tratamento imediato, com cuidados clínicos e posterior cirurgia para retirada da vesícula.


  • Coledocolitíase (migração da pedra para o canal principal biliar): o cálculo pode sair da vesícula e causar obstrução do canal principal da bile. Além da dor, os pacientes costumam apresentar a pele amarelada (icterícia) e a urina mais escura (colúria).



Nos casos em que a dor abdominal é causada pelas pedras na vesícula, o ideal é que o paciente seja avaliado para realização da cirurgia de retirada da vesícula, antes do desenvolvimento de complicações.


A colecistectomia é o procedimento de retirada vesícula biliar (e das pedras dentro dela) e pode ser feito por videolaparoscopia, com incisões mínimas, pouca dor e retorno precoce às atividades do paciente.



Obstrução Intestinal

A obstrução intestinal ocorre quando há um bloqueio em alguma parte do intestino, impedindo o fluxo normal dos alimentos e das secreções gastrointestinais.


Além da dor abdominal, os pacientes costumam apresentar: distensão abdominal (estufamento), náuseas, vômitos, diminuição da eliminação de flatos (gases) e parada das evacuações.


Algumas causas comuns incluem:

  • Aderências: cicatrizes de cirurgias prévias que podem bloquear o intestino;

  • Hérnias de parede abdominal: parte do intestino é projetada pelo defeito da hérnia, causando obstrução;

  • Tumores que podem ter origem nos órgãos intra-abdominais;

  • Hérnia interna pós-bariátrica: podem causar torções ou estreitamentos, bloqueando o trânsito do intestino;

  • Fecaloma: em alguns casos de constipação, as fezes endurecidas podem causar uma impactação fecal no intestino grosso;


A avaliação especializada é importante para o diagnóstico precoce e tratamento adequado.



Diverticulite Aguda



Os divertículos são pequenas bolsas que se formam devido ao enfraquecimento da parede do intestino, frequentemente associado ao envelhecimento e a dietas pobres em fibras.


Quando partículas de fezes ou bactérias ficam presas nesses divertículos, pode ocorrer inflamação ou infecção, causando a diverticulite aguda.


Os principais sintomas são:

  • Dor abdominal intensa, geralmente no lado esquerdo inferior do abômen

  • Febre e Calafrios

  • Náuseas e vômitos

  • Mudança no hábito intestinal (diarreia ou constipação)


O tratamento da diverticulite aguda vai depender da gravidade do quadro, por isso é muito importante que seja realizada uma avaliação médica e diagnóstico precoce.


Casos leves podem ser tratatos apenas por alterações na dieta, antibióticos e analgésicos.

Em algumas situações, pode necessitar internação hospital, jejum e antibióticos intravenosos.

Casos graves podem cursas com abscessos ou perfuração do intestino, demanando intervenções cirúrgicas de urgência.



Hérnias Abdominais


As hérnias são defeitos que ocorrem na musculatura da parede abdominal, permitindo a protrusão (saída) do conteúdo intra-abdominal em direção à pele. Podem acontecer em diversos locais da parede abdominal, sendo mais comuns na região da virilha (hérnia inguinal) e em cicatrizes de cirurgias prévias.


Confira alguns sinais e sintomas que podem indicar a presença de uma hérnia:

  • Abaulamento ou inchaço no local da hérnia (mais comumente na na região da virilha). A protuberância pode ser mais visível ao tossir, levantar objetos pesados ou realizar esforço.

  • Dor e desconforto;

  • Sensação de peso ou pressão na região da hérnia;

  • Queimação ou ardência no local.


Na maior parte dos casos, o conteúdo da hérnia é redutível, ou seja: existe um abaulamento (uma bola) no local, mas que retorna para dentro do abdômen quando o paciente fica em repouso ou após manobras de compressão no local.


Se realmente houver a presença de uma hérnia, o tratamento definitivo é realizado através de uma cirurgia chamada de hernioplastia. A cirurgia melhora os sintomas e evita o surgimento de complicações potencialmente graves.


Na hernioplastia é feita a correção do defeito na parede abdominal, geralmente associando-se a inserção de uma tela feita de material inabsorvível, com o objetivo de diminuir as chances de recidiva.



Em algumas situações, pode acontecer a saída de uma parte do intestino pelo local da hérnia, que fica preso num espaço estreito. Nestes casos, temos uma hérnia encarcerada e o paciente pode desenvolver sintomas de obstrução intestinal: dor intensa, náuseas e vômitos.


Quando ocorre o encarceramento da hérnia, a avaliação com o cirurgião deve ser feita com urgência, pois existe o risco de complicações graves, como a necrose do intestino.



Doença Ulcerosa Péptica


A gastrite e a doença ulcerosa péptica são uma causa bastante comum de dor abdominal.


Essas doenças estão frequentemente associadas à infecção pela bactéria Helicobacter pylori e ao uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).


A gastrite refere-se à inflamação da mucosa do estômago, podendo ser aguda ou crônica. Nos casos mais intensos, podem ocorrer a formação de úlceras no estômago ou no duodeno.


Os principais sintomas são:

  • Dor abdominal em queimação no epigástrio (boca do estômago);

  • Piora da dor durante o jejum e melhora após a alimentação;

  • Em alguns casos a dor pode piorar logo após a alimentação;

  • Estufamento ou plenitude;

  • Náuseas e vômitos;

  • Presença de sangue nas fezes ou vômitos com sangue;


O uso de medicamentos, mudanças dietéticas e nos hábitos de vida costumam ser suficentes para tratar a maior parte dos casos de gastrite e de úlceras pépticas.


O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações, como sangramentos ou perfuração.



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